Hoje é dia dos pais aqui na Inglaterra, e o dia começou animado. De manhã o Keith foi buscar um super café-da-manhã do McDonald's, enquanto arrumávamos a casa ao som dos Rolling Stones. Mais ou menos na hora do chá (depois do almoço e antes do jantar), fomos todos à casa dos host vós. O dia foi ótimo, até fez sol! O jantar foi uma delícia, a conversa estava super divertida e estávamos todos bem descontraídos. Depois da janta fomos pro jardim lindo que o host vô cuida com todo o carinho do mundo e ficamos lá até a hora de ir embora. Brincamos, rimos, tomamos café, comemos mais, tiramos fotos... Infelizmente eu ainda não tenho as fotos, porque elas foram tiradas na máquina do host vô.

Eu acabei de voltar pra casa e perceber que eu não verei mais o Den (host vô). No final da semana que vem eu vou dar tchau à Chichester e sabe-se lá quando eu o encontrarei novamente. Meu coração ficou pequeninho agora e um nó está se formando na minha garganta. Comecei a lembrar de tudo o que aconteceu no meu intercâmbio e percebi que o tempo passou muito rápido.
"Minha hostfamily é muito atenciosa, sempre perguntando se eu preciso de alguma coisa ou se eles podem ajudar. Eu ainda não entendo 100% do que eles dizem, por causa do sotaque e porque eles falam um pouco rápido. O Tommy principalmente fala muito rápido, eu tenho que prestar bastante atenção pra entender tudo. Espero que já já eu me acostume e consiga entender tudo." - Isso foi o que eu disse no meu primeiro post aqui na Inglaterra. Hoje eu posso ver que aquelas pessoas que antes eram só nomes numa folha de papel se tornaram minha família. Claro, eles nunca chegarão nem perto de substituir a minha família no Brasil, mas é tão bom pensar que eu tenho pessoas aqui na Inglaterra que eu realmente posso contar. Que me aceitam mesmo que eu esteja de pijama, sem maquiagem, com o cabelo bagunçado, tomando café e toda encolhida na ponta do sofá. Pessoas que acompanharam de perto toda a minha mudança nesses meses, seja ela física ou não. Pessoas que eu vou guardar no meu coração pro resto da minha vida.


Assim como eu senti falta das coisas mais simples do mundo nesses meus 10 meses na Inglaterra, sentirei falta de coisas tão simples quanto, pelo resto da minha vida. Sentirei falta de ir pro quarto da Lauren e conversar sem compromisso. Sentirei falta de comer pizza e assistir futebol com o Keith nas segundas-feiras. Sentirei falta do Tommy entrando no meu quarto do nada e ficando lá por horas, mexendo em todas as coisas que ele encontrava na frente. Sentirei falta das saídas com a Sam. Sentirei falta de pegar o ônibus de volta pra casa e passar ao lado da casa mal-assombrada que tem na esquina. Sentirei falta do Collin, que mesmo gostando mais da Lauren do que de qualquer outro humano no mundo, ainda pede por carinho às vezes e vem me fazer companhia no meu quarto. Sentirei falta de comentar livros e filmes com o Den e das quartas-feiras com a Maureen.


Daqui a uma semana, estarei levando meu pai para conhecer a casa que eu passei esses últimos meses e a família que me acolheu. Vai ser nesse dia que eu vou dar adeus a todos eles. E por mais pessimista que isso possa parecer, eu não consigo parar de ter esse pensamento de que talvez eu não os veja nunca mais. As chances são poucas, eu sei. Eles já até falaram que querem ir para o Brasil na Copa de 2014. Mas e se der errado? E se a gente não conseguir se encontrar naquele ano, nem no ano seguinte, nem dos próximos 5, 10, 20 anos? E se, por alguma intervenção do "destino", perdermos o contato? Estou sendo pessimista e negativa, eu sei. Mas nesse momento, tudo o que eu tenho é um misto de medo, pessimismo e saudosismo adiantado. E claro, algumas lágrimas encharcando o teclado.


Acho que a ficha está caindo que eu estou completando esse ciclo na minha vida. Confesso, não está sendo fácil pra mim. O coitado do meu coração está em uma montanha-russa de emoções: ora muito feliz por estar voltando, ora muito triste por estar partindo. Hoje comecei a fazer minhas malas, já que eu sou bem demorada e não quero ter que me apressar e fazer tudo de última hora (como geralmente acontece). O tempo passou tão rápido... Nem parece que já é Junho e eu já estou voltando para casa. Às vezes eu queria parar o tempo e contemplar tudo o que me aconteceu. Parar o mundo para que eu pudesse respirar direito e absorver todas essas mudanças que ocorreram. Infelizmente, eu não tenho o poder de fazer isso. Eu sei que to fazendo um drama sobre tudo isso, mas eu não esperava que seria tão difícil assim. ):

Gente, desculpa por esse post não ser um daqueles que eu conto tudo o que me aconteceu na semana, encho de fotos e tudo mais. Eu só precisava escrever isso em algum lugar. Agora parece que eu abri a torneira e as lágrimas não querem mais parar de sair, socorro hahaha :P
Beijos,
Taty.